intuição

Intuição: 3 caminhos para desenvolver a sensibilidade

A intuição é a capacidade de perceber as sutileza do mundo ao nosso redor. E usar isso para guiar nossas ações. Mas não só. Conectar-se com nossa essência para sentir o que está ao nosso redor de forma mais profunda pode nos fazer viver melhor.

O documentário dirigido por Hrund Gunnsteinsdottir e Kristín Ólafsdóttir faz uma investigação sobre a intuição. Innsaei: O Poder da Intuição,  lançado em 2016, nos leva a uma viagem pelo mundo, mas que acaba nos guiando para dentro de nós mesmos. A partir desse filme, das reflexões e mudanças que ele me trouxe, escrevi este artigo.

Racional e emocional

Intuição: 3 caminhos para desenvolver a sensibilidade 1

Pense numa pessoa racional. Já conheceu alguém que você considerasse racional? Agora, puxe na memória uma pessoa emotiva. Consegue visualizar alguém? Ótimo, vamos analisar. Quando pensamos numa pessoa racional, tendemos a imaginar alguém que age conforme a razão, alguém inteligente e sensato. Já quando pensamos em uma pessoa emotiva, é comum considerarmos esse sujeito um tanto instável, que não possui autocontrole.

Esses esteriótipos fazem com que, muitas vezes, as pessoas busquem ser muito racionais, pois admiram esse tipo de postura. O problema é a forma como aprendemos a fazer isso. Agir apenas com a cabeça e ignorar, reprimir e sufocar nossas emoções tem um preço. E por incrível que pareça, tentar ser racional fazendo as coisas desse jeito, só nos torna mais instáveis e inseguros. Isolar-se dos seus sentimentos te desconecta de quem você é.

Prioridades

Intuição: 3 caminhos para desenvolver a sensibilidade 2

Produtividade. Resultados. Métricas. Tabelas. Gráficos. Estamos nos forçando a produzir, a trabalhar muito e mensurar nossas conquistas. Tem elogio mais bonito de receber do que alguém dizer que você é uma pessoa trabalhadora, batalhadora? E realmente, quem persiste em seus objetivos merece reconhecimento.

Apesar de tudo de bom que existe em ser uma pessoa com garra, não podemos perder a noção das prioridades. E estar bem é uma delas. Se você trabalha o tempo todo e não tem tempo para descansar ou cuidar de sua saúde, alguma coisa está muito errada no seu conceito de pessoa trabalhadora.

Quando sua rotina transforma você em um zumbi, quando você se sente um estranho em sua própria vida, é sinal de que as coisas não podem continuar do mesmo jeito. Insistir no erro é burrice. Trabalhar 100 horas por semana é algo admirável para você? Se sim, acho que este texto lhe será útil.

Dois lados da mesma moeda

Intuição: 3 caminhos para desenvolver a sensibilidade 3

Nosso cérebro é dividido em dois lados: direito e esquerdo. Um é responsável por atividades que exigem concentração, é ele que está trabalhando enquanto você lê este texto. O outro é acionado quando nos dedicamos a tarefas que permitem uma visão mais ampla e relaxada, funciona quando você está tomando um banho depois de um dia de trabalho ou caminhando na beira da praia numa manhã bonita.

Nossa vida hoje, com os smartfones, distrações e informações na palma da mão, a pressão por produtividade, o apelo por um estilo de vida de “trabalhador”, acaba exercitando um lado de nosso cérebro muito mais do que outro. E aí, a nossa percepção fica cada vez mais restrita e focada. Perdemos a capacidade, pouco a pouco, de acessar um estado mental mais aberto e tranquilo.

E para desenvolver a intuição, adivinha o que temos que fazer? Fortalecer justamente essa parte do cérebro que foi deixada de lado e ficou frágil. Quando resgatamos a capacidade de ter uma visão mais ampla das coisas, ficamos mais abertos a pontos de vista diferentes, conseguimos perceber as outras pessoas ao nosso redor com mais clareza, somos mais abertos à empatia. Conseguimos, inclusive, desenvolver o pensamento criativo, que precisa conectar ideias diferentes para resolver problemas de uma forma inovadora.

O que é a intuição, afinal?

Intuição: 3 caminhos para desenvolver a sensibilidade 4

Você pode estar pensando: “Ok, entendi essa coisa da pressão por produtividade e o funcionamento dos lados do cérebro… Mas o que isso tem a ver com a intuição?”. E te respondo: T U D O.

O nosso cérebro racional, responsável por nossos pensamento lógicos, pela linguagem, por nossas crenças e estratégias de ação é muito pequeno se comparado ao resto. Na maior parte da sua cabeça o que impera não é a lógica. É a sensibilidade, é tudo que não pode ser nomeado, catalogado, mensurado. Mas está lá, trabalhando o tempo todo, até quando você dorme, e fornece toda a matéria-prima para o cérebro racional dar os comandos para nossas atitudes.

Se conectar com seu lado emocional não é se tornar inseguro, instável e frágil. É deixar de ser tudo isso. É aceitar que existe um universo que vai além do pensamento racional, se conectar com ele e viver uma vida melhor. Isso é intuição: a percepção das coisas sutis que estão fora de nosso foco.

Um exemplo:

Você está lendo este texto agora. Sua visão está focada nas palavras, certo? Mas, ainda assim, com sua visão periférica, é capaz de saber onde está, de saber como é o ambiente ao seu redor. O foco é ótimo, ajuda a realizar as tarefas diárias. Da mesma forma, a visão periférica é essencial, pois ela nos dá a noção do contexto, não nos deixa esquecer de onde estamos, nos dá informações importantes também. A intuição é a visão periférica do nosso ser, não apenas no olhar, mas em todos os sentidos. Ela habita todo o seu corpo e te dá uma noção do contexto, do que escapa ao foco da razão.

Como praticar a intuição?

Intuição: 3 caminhos para desenvolver a sensibilidade 5

Não existe um manual , uma tabela com todas as formas de desenvolver a intuição, onde você pode ir marcando cada um dos itens. Já falamos disso, a intuição é o mistério, o que não tem nome, o que se deve apenas sentir. Então, não posso te dar uma resposta absoluta. O que posso fazer é compartilhar com você o que faço para conectar minha essência. Vou dividir contigo os 3 caminhos que tenho percorrido.

Antes de mais nada, minha primeira descoberta sobre esse estado sensível, que é a intuição, foi a forma de olhar o mundo. Passei a observar as coisas ao meu redor, sem tentar antecipar ou julgar o que vou encontrar ou o porquê de algo estar acontecendo, apenas observar. Contemplar.

1. Investigação sensorial

Quando ando pela rua, fico atenta às sensações do meu corpo. Deixo as preocupações de lado e observo, absorvo. Comecei a perguntar:

  • Como está o dia hoje? Quais são as cores?
  • Quais são os cheiros que sinto?
  • Quais sons ouço?
  • Quem são as pessoas que estão ao meu redor? Como está a expressão de seus olhos?
  • Respirando fundo… Consigo sentir a minha respiração em cada detalhe? Como é sentir o ar entrando e saindo de mim?

Parece loucura, mas o hábito da percepção é muito agradável. Ele nos mantém curiosos. Pode ser que quando você fizer esse exercício andando na rua, vá perceber o quanto as pessoas estão voltadas para si mesmas. Estão isoladas do mundo ao redor, parecem dormir mesmo acordadas…

2. Experiências em primeira pessoa

Outra coisa muito boa para treinar sua percepção é dar-se tempo para ter experiências em primeira pessoa. Estar totalmente presente experienciando o que você está fazendo. Deixar as preocupações de lado e experienciar. É como retornar a forma como víamos o mundo quando éramos crianças. Abertos a descobertas. Interessados. Deixar-se sentir.

Esses últimos dias tenho feito isso ao lavar a roupa. Nada de jogar tudo na máquina. Eu pego cada peça, observo, molho, esfrego, deixo de molho… Nessa hora me permito sentir a água, a textura do tecido, sinto o cheiro do sabão… Pode até ser loucura, mas curiosamente esse tipo de exercício me ajuda a manter a sanidade, a saúde mental. Porque me conecta com minha percepção do mundo.

Imagino que sua vida deve ser bem corrida. Mas certamente você dispõe de algum tempo para isso. Pode ser a caminho do trabalho, no supermercado, na hora do banho, enquanto limpa a casa…

3. A lógica do afeto

Afeto é uma palavra ótima para refletir sobre a intuição. Ao mesmo tempo que pode ser lido como um substantivo que dá nome a um sentimento bom, ele também pode ser compreendido como o verbo afetar em primeira pessoa. O que te afeta? Será que você seria mais feliz se se permitisse viver mais momentos de afeto?

Em minhas próprias investigações, descobri que levar meu filho até o parque mais próximo de minha casa é uma oportunidade incrível. Lá consigo observar os peixes no rio, os pássaros, olho as plantas, observo as pessoas…

A inteligência sensorial, ou intuição, é um oceano e é possível navegar por meio dele de diversas formas. Essas são algumas das reflexões que fiz nesses últimos tempo. Caso você se interesse, procure pelo documentário alemão Innsaei. E fique à vontade para deixar seu comentário!

O que achou do artigo? Comente!