O que é empreendedorismo?

O que é empreendedorismo? Veja o que está além do clichê

Ah, o empreendedorismo… Impossível não se lembrar da figura do empreendedor de sucesso quando pensamos nisso. Você o imagina diante de uma plateia enorme, vestindo um terno caro que lhe cai perfeitamente no corpo, de microfone na mão e relógio de grife no pulso. Suas palavras são tranquilas, palavras de quem chegou lá e, agora, vai passar a receita para que você consiga o mesmo. Ele é o herói nacional, o redentor da crise econômica: o empreendedor de sucesso. Sobre o que ele fala? O tema óbvio é o empreendedorismo.

Como tudo neste mundo, o empreendedorismo não é uma coisa estática. Ele nasceu há anos e segue crescendo, amadurecendo, mudando. Para saber o que é empreendedorismo, é preciso conhecer essa história. Essa sabedoria pode ajudar você a entender melhor sobre este universo antes de se aventurar por ele. Caso já tenha ingressado neste mundo , esse texto pode dar uma força para refletir sobre tudo o que você tem vivido.

Tanto quem já é empreendedor quanto quem está pensando em se tornar um precisa entender que o empreendedor de sucesso, aquele cara rico e bem sucedido existe, mas não é o único ser que habita o ecossistema do empreendedorismo. É preciso conhecer e conversar com o empreendedor real. Quer saber mais? Continue comigo!

O que é empreendedorismo? Uma breve história

O termo empreendedorismo vem da palavra entrepreneur em francês, e indica aquele que assume riscos e começa algo novo. O empreendedorismo como um discurso dentro da sociedade, ganhou força no Brasil a partir do final dos anos 1990, ou seja, algo muito recente.

Apesar dessa roupagem atual, o conceito de empreendedorismo não é tão novo assim. Na Idade Média os empreendedores eram pessoas que gerenciavam grandes projetos de produção, financiados pelo Estado e, portanto, sem muitos riscos.

No século XVII começam a se formar os laços entre os riscos e a criação de algo novo na atuação dos empreendedores. O empreendedor geralmente fechava um contrato com preços fixos preestabelecidos, onde ficava responsável por fornecer produtos ou serviços assumindo tanto os lucros quanto os eventuais prejuízos.

Ao longo do século XVIII acontece algo inédito: a figura do capitalista e a do empreendedor se separam. Antes eles eram a mesma pessoa. Mas, agora, o empreendedor pode ser alguém com capacidade de empreender e que recebe o apoio financeiro de um ou mais capitalistas. Foi isso que aconteceu com Thomas Edison, por exemplo.

Talvez por essa separação, durante o século XIX e início do século XX, o empreendedor começou a ser associado à imagem do administrador. Empreender era visto como administrar os recursos da empresa, pensar na estratégia de mercado e gerenciar o quadro de funcionários. O empreendedor, então, é reduzido a um papel econômico à serviço do capitalista que investe em seu trabalho.

O empreendedor assume riscos ao determinar as diretrizes do empreendimento. É ele que projeta a empresa, seus produtos ou serviços. Já o administrador é quem cuida do funcionamento da empresa, dos processos, da parte mais burocrática, digamos assim. São coisas diferentes, mas que podem estar presentes na vida e personalidade de uma única pessoa.

No final do século XX a ideia de empreendedor começou a mudar. O conceito alargou sua dimensão de novidade. O empreendedor é alguém que destrói a ordem econômica ao introduzir novos produtos e serviços, e assim, recria formas de movimentar a economia. A palavra-chave aqui é inovação. Ao mesmo tempo, esse empreendedor é capaz de dar certa ordem ao caos econômico quando identifica oportunidades de negócio e cria uma espécie de equilíbrio. O empreendedor não apenas cria novos negócios, mas também é capaz de inovar dentro de um mercado aparentemente saturado.

Empreendedor de sucesso

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O empreendedor do século XXI é aquela pessoa que introduz inovações ao mercado a partir da percepção de oportunidades. Destruidor ou equilibrista, depende das circunstâncias. Ou talvez seja um pouco das duas coisas. A questão é que o discurso empreendedor espalhado pela mídia tradicional e por produtores de conteúdo na internet criou um ser mítico: o empreendedor de sucesso.

Aquele cara que começou vendendo bala no semáforo e hoje é um dos homens mais poderosos do país. Ou aquele outro que estava na miséria e, por causa de uma ideia brilhante, acabou por dominar um mercado inteiro. Esse ser especial é criativo, inteligente, persistente, disciplinado, inteligente. É aquele cara de conseguiu dar seu jeito.

Certamente, nesse discurso idealista do empreendedor de sucesso, algumas coisas passam batido. A parte do risco está meio esquecida. Empreender exige assumir riscos. O que isso significa na prática? Bem, as estatísticas talvez nos ajudem a compreender: 80% das micro e pequenas empresas desaparecem do mercado antes de completar 2 anos.

O case de sucesso não é tão comum quanto se pensa. Das 20% que conseguem sobreviver ao cemitério empresarial dos primeiros anos, poucas se tornarão gigantes do mercado. E, se isso acontecer, não será de uma hora para outra. As empresas líderes de mercado são 1%, talvez menos do que isso.

Essa conversa pode parecer um banho de água fria, um convite à frustração e à desistência. Não é isso que quero fazer com você. Meu objetivo é dar uma perspectiva mais realista do empreendedorismo. Quero te fazer ver a realidade dos 99% dos que empreendem e sobrevivem.

O discurso empreendedor mexe com a gente. Atinge uma área sensível, nossos sonhos e desejos de tranquilidade e estabilidade financeira. Quem não quer sair do perrengue? Quem não quer ser aquele um que conseguiu, que revolucionou o mercado e agora está no palco dando palestras para uma plateia repleta de esperançosos?

Empreendedor Real

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Tudo bem ter sonhos megalomaníacos. Quem nunca? Acontece que além de conhecer aquele perfil dos 1% super-hiper-mega bem sucedidos, é preciso reconhecer os 99% e aceitar que é provável que você faça parte deles.

O empreendedor real é aquele senhor que vende pipoca doce na frente da escola particular. É o rapaz que vende balas no semáforo e também aquela sua colega que faz trufas de chocolate e anuncia no Instagram. O empreendedor real raramente consegue o financiamento milionário nos primeiros dias de iniciativa. Esse empreendedor que assume riscos dificilmente será apoiado caso algo dê errado. É esse cara, o empreendedor real, que lida com a frustração e o fracasso.

Na verdade, frustração e fracasso tem de monte no mundo, e estão presentes na vida do empreendedor de sucesso também. Acontece que às vezes o empreendedor é atingido e cai. E, especialmente para aqueles que não têm certos privilégios, se reerguer é muito mais difícil.

O empreendedor real trabalha muito mais do que um funcionário comum. Geralmente acumula funções, dando conta da produção ou prestação do serviço, do marketing e das finanças. Ele tropeça, passa algumas noites insone. Esse empreendedor precisa quebrar a cabeça para entender as taxas cobradas pelo banco e pela operadora da máquina de cartão. Esse cara não dá palestra. Mas, curiosamente, tem muito a ensinar.

Se você está pensado em entrar para o incrível mundo maravilhoso do empreendedorismo, tudo bem se inspirar no 1%, conhecer suas histórias e se espelhar neles. No entanto, caso você queira ter uma visão mais ampla desse universo, vá além, observe e estude os 99%. Converse com micro e pequenos empresários que estão perto de você. Essas pessoas terão muito a compartilhar.

Empreendedorismo além do clichê

O clichê do homem que superou todos os seus limites e alcançou o sucesso absoluto é uma ótima fonte de motivação. E de aprendizado. Mas, para entrar na esfera do empreendedorismo sem ilusões, é preciso conhecer a história de quem não teve o sucesso absoluto, mas conseguiu manter sua empresa funcionando, conseguiu criar uma atuação diferente no mercado, apesar de todas as adversidades.

Algumas coisas que estão além do clichê empreendedor:

  • Sensibilidade: uma pessoa sensível não é aquela que se dói por qualquer coisa, mas sim uma pessoa atenta. Se você consegue realmente sentir o que seu cliente sente, se é capaz de se identificar com pessoas diferentes de você, com certeza pode usar isso para pensar em oportunidades de negócio;
  • Intuição: parece coisa de cartomante e de gente pirada em horóscopo. Não se engane, a intuição é, na verdade, conectar-se com seu interior e estar atento aos sinais do mundo. Quem está sempre ocupado demais raramente consegue sentir uma oportunidade surgindo;
  • Cara de pau: já ouviu falar na expressão “meter o louco”? É mais ou menos isso. Quem tem ideias realmente inusitadas precisa ter cara de pau para correr atrás delas. Não importa muito o que as pessoas pensam.
  • Sangue nos olhos: motivação, iniciativa, garra, coragem, disposição. Todas essas coisas que te fazem continuar e buscar novas soluções diante de cada novo problema;
  • Versatilidade: quem começa do zero tem que aprender a fazer de tudo um pouco. Às vezes leva anos até que você tenha condições de contratar um profissional especializado. Até lá você vai precisar colocar a mão na massa;
  • Administração do estresse: nada de ter um ataque do coração antes dos 30. Para empreender é preciso ganhar certo gosto pelas situações limite. O empreendedor está sempre explorando seus próprios limites. É lá que ele trabalha: na fronteira do impossível. Para aprender a amar o estresse e usá-lo a seu favor é preciso um pouco de prática, mas esse texto aqui pode te ajudar a fazer isso.

Algumas dicas para se aprimorar como empreendedor

Provavelmente você já leu por aí que o empreendedor precisa ter uma visão ampla das coisas. É preciso dar um passo para trás e ver a situação geral. Além disso, é necessário ser criativo: conectar ideias aparentemente desconexas e formar algo diferente. Resumindo: resolver problemas difíceis de maneiras nunca antes pensadas. Para aprimorar estas duas habilidades você precisa ser uma pessoa antenada.

Esteja sempre ligado ao que acontece no mundo. Qual é o assunto da semana no Twitter? Quais são os vídeos em alta no YouTube? Quais são os principais eventos da sua área de atuação? Quais são as empresas líderes no mercado? Quais são os estudos e pesquisas mais recentes sobre sua área?

Esteja por dentro. E mais: assista filmes, leia de tudo, ouça músicas, veja entrevistas interessantes, veja TV. Se conecte com este mundo. Converse com as pessoas, faça perguntas, ouça atentamente.

Ser empreendedor é ter resiliência, não se deixar derrotar pelas dificuldades e, principalmente, estar ciente de que elas vão aparecer com mais frequência do que gostaríamos. Por isso, em vez de desejar simplesmente o sucesso, esteja comprometido realmente com a sua evolução constante. Agarre isso com unhas e dentes. Ative seu modo Beta e procure sempre atualizar seu software para dar conta das mudanças do mercado.

Fique à vontade para compartilhar sua experiência com a gente nos comentários!

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