Empatia: 10 mitos e verdades sobre se colocar no lugar dos outros

Empatia

A empatia tem ganhado cada vez mais corações e mentes pelo mundo. Nos últimos anos tem surgido nas conversas, na cultura pop e se tornou um conceito central no desenvolvimento pessoal. Tanta popularidade para um conceito poderoso acabou criando certa desinformação. E, também, alguma superficialidade nas abordagens sobre empatia.

Empatia: 10 mitos e verdades sobre se colocar no lugar dos outros 1Em 2015 o filósofo e historiador australiano Roman Krznaric lançou no Brasil o livro O Poder da Empatia: A arte de se colocar no lugar do outro para transformar o mundo, pela Editora Zahar.

Este livro é nossa dica de leitura para quem quer entender como funciona a empatia e conhecer os quatro hábitos das pessoas altamente empáticas. E, por isso, é uma das principais fontes desse artigo, onde você verá 10 mitos e verdades sobre a empatia. Confira:

 

1. A empatia é sentir com as pessoas

Está aí uma bela de uma verdade sobre a empatia. E quem disse isso foi Brené Brown, professora e pesquisadora da Universidade de Houston, no vídeo do canal RSA Shorts.

Para sentir com as pessoas é preciso exercitar algumas habilidades específicas:

  • conectar-se com a outra pessoa;
  • compreender a visão do outro;
  • perceber a perspectiva do outro como verdade;
  • não julgar;
  • reconhecer as emoções da outra pessoa e comunicar isso a ela.

Veja o vídeo completo (ative as legendas se precisar):

Depois de ver esse vídeo você sentiu constrangimento? Eu me lembro de ter agido de forma inadequada diante do sofrimento dos outros e também me recordo de ocasiões em que fizeram isso comigo. É desconcertante perceber como evitamos a conexão, como escolhemos não compartilhar sentimentos com quem conversa com a gente e tenta se abrir.

2. A empatia não é da natureza humana

Mito. Somos naturalmente individualistas? Grande parte das pessoas acreditam que sim. Roman Krznaric diz que a difusão das ideias de Freud e Thomas Hobbes acabaram influenciando a sociedade a pensar desse jeito. Mas descobertas recentes da neurociência dizem que temos um aparato cerebral próprio para trabalhar a conexão com os sentimentos dos outros.

Essa conexão é algo natural da humanidade e precisa ser exercitado como qualquer outra habilidade nata. Da mesma forma que o individualismo, que pode ser ativado e turbinado por nossos hábitos, a empatia pode ser incentivada ou não.

3. A empatia é passiva

Mito. A empatia deve guiar as ações das pessoas. De acordo com a explicação de Roman Krznaric, podemos entender dois aspectos da empatia: a cognitiva e a afetiva.

A empatia cognitiva é aquela em que você consegue compreender a perspectiva da pessoa, mas ainda não é capaz de compartilhar seus sentimentos. Isso acontece por causa da empatia afetiva, que acontece quando você é capaz de sentir-se como a outra pessoa. Quando você pratica a empatia cognitiva e afetiva, suas atitudes tendem a tomar a direção do bem comum. Porque você conseguirá entender as verdadeiras necessidades da pessoa com a qual se conectou.

4. A empatia é contrária ao individualismo

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Verdade. Para o autor do livro, ela:

é a arte de se colocar no lugar do outro por meio da imaginação, compreendendo seus sentimentos e perspectivas e usando essa compreensão para guiar as próprias ações”.

Num mundo em que o individualismo ganha espaço muitos de nós somos tão centrados em nós mesmo que sequer conseguimos prestar atenção nas outras pessoas. Nesse cenário, a empatia pode trazer mudanças positivas, mas ela só manifesta seu poder quando o individualismo vai embora.

5. A empatia é a base da moral

Verdade. Pode ser que você tenha ouvido tanto falar dela que até ficou meio indisposto com essa palavra. É normal se sentir irritado, principalmente quando esse tema é trabalhado de forma superficial. Mas quando paramos para observar e entender essa habilidade social de fato, percebemos que nela há um potencial imenso.

A empatia pode gerar uma revolução. Não uma daquelas revoluções antiquadas, baseadas em novas leis, instituições ou governos, mas algo muito mais radical: uma revolução nas relações humanas”, diz Krznaric.

Mudar o centro gravitacional da nossa vida para outra pessoa, nem que seja por alguns instantes, pode ser transformador. E mesmo que pareça um conceito novíssimo e fruto da moda, já era citada por Adam Smith no século XVIII. Ele dizia que “trocar de lugar com o sofredor na imaginação” é a base da sensibilidade moral.

6. Empatia é sentir pena

Mito. Sentir pena tem mais a ver com a compaixão. A compaixão é um sentimento de piedade, é sentir dó de alguém. Se olharmos bem percebemos que ela envolve sentimento de superioridade e não indica nenhuma mudança na forma de agir e pensar o mundo.

A compaixão não tem compromisso com a compreensão do outro e possui até um um pequeno toque de hipocrisia. E isso não tem nada a ver com empatia.

7. Ler ficção é uma forma de exercitar a empatia

Verdade. Ler ficção ajuda a desenvolver a empatia. Principalmente quando lemos livros que contam a história de personagens muito diferentes de nós. É o que diz a pesquisa de Keith Oatley, psicólogo e romancista. “Quando lemos ficção nos tornamos mais aptos a compreender as pessoas e suas intenções”, afirma.

E não são apenas os livros de ficção, de acordo com a reportagem do El País os jogos de vídeo game em primeira pessoa também surtem esse efeito.

Como exercício, pode ser interessante explorar narrativas diferentes em jogos e livros, mas sempre tendo em mente que é apenas quando nos conectamos realmente com outra pessoa é que podemos sentir todo o poder da empatia.

8. O brasileiro não é empático

Verdade. Embora o povo brasileiro seja conhecido por ser muito caloroso, por abraçar e demonstrar afetos com facilidade, ele não é empático. Mas será que isso significa empatia necessariamente? E outra: quanto desse estigma possui raízes na realidade?

Pelo jeito, ser afetuoso não é igual e ser empático. E talvez o brasileiro nem seja tão caloroso assim. O fato é que o Brasil é um dos países menos empáticos do mundo. Pelo menos é isso que diz uma pesquisa divulgada pela Revista Galileu. O estudo colheu dados com mais de cem mil pessoas em 63 países do mundo e, como resultado, produziu um ranking dos países de acordo com os níveis de empatia de cada um.

O Brasil aparece como um dos países com um baixo nível de empatia. Portanto, dizer que o brasileiro é empático não é 100% verdade.

E pensando aqui… será que se o brasileiro lesse mais ficção, seria mais empático? Fica aí a reflexão…

9. Empatia é fazer para os outros o que você gostaria que fizessem para você

Mito. Precisamos de empatia para nos colocar no lugar do outro, para entender a forma como ele vê o mundo. Isso significa que somos diferentes. E, se somos diferentes, então, o que você gostaria que fizessem para você pode não ser o que o outro gostaria que fosse feito.

Essa é uma das características que tona a empatia um grande desafio. E também explica porque a compreensão do outro deve guiar as nossas ações. Logo, no caso da empatia a regra é: fazer ao outro o que ele quer e precisa que seja feito, de acordo com suas necessidades e visão de mundo.

10. A empatia é algo raro de se ver

Mito. A empatia é mais comum do que imaginamos. O conceito pode parecer novo, contudo, se buscarmos na memória, com certeza poderemos encontrar um episódio de nossa vida no qual sentimos empatia.

Um momento em que realmente fomos capazes de compreender a visão de outra pessoa é marcante. E o momento em que alguém conseguiu entender nossa visão de mundo tende a ser especial. Podemos nos lembrar desses acontecimentos porque a empatia está presente na sociedade, mesmo que tímida e também porque vivenciá-la nos impacta profundamente.

Talvez o mundo esteja vivendo um “déficit de empatia”, como diz Krznaric. Por isso, exercitar essa habilidade pode ser uma forma de evoluir como pessoa, mas, principalmente, evoluir como comunidade, como humanidade. Até porque a empatia é algo que nos volta para fora, para a sociedade.

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A empatia é um assunto muito importante nos dias atuais e com certeza será uma habilidade de destaque no futuro. E você, acredita que é uma pessoa empática? Conta pra gente nos comentários!

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