O monge e o executivo

4 lições sobre liderança em O monge e o Executivo

4 lições sobre liderança em O monge e o Executivo 1O Monge e o Executivo: Uma história sobre a essência da liderança já é um clássico. Li este livro algumas vezes e, além de aprender sobre liderança, sempre tomo lições sobre humanidade e respeito. É uma leitura muito importante para as pessoas que querem criar um ambiente de trabalho saudável. James C. Hunter, autor do livro, possui mais de 20 anos de experiência na área de Recursos Humanos. E o que ele nos mostra nesse livro é como ser um líder servidor, a partir de uma perspectiva democrática.

Se você nunca ouviu falar sobre liderança democrática e liderança autocrática, dá uma olhadinha aqui:

 

Para escrever este artigo, recorri as minhas anotações sobre O Monge e também consultei todos os grifos que fiz em meu volume, já bem velhinho, que comprei lá em 2008, quando ainda era uma jovenzinha curiosa. Hoje ainda sou curiosa, mesmo que nem tão jovem assim… E o que me chama a atenção é perceber o quanto as coisas que aprendi neste livro foram importantes para minha formação como pessoa. Não que eu seja exemplar, nada disso, mas os princípios que guiam minhas ações estão, muitos deles, nesse livro.

Espero que goste da leitura e fique à vontade para comentar o que achou de minha visão sobre este grande clássico.

1. Dê o exemplo

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Umas das primeiras coisas que me chamou a atenção em O Monge e o Executivo foi a forma como o aprendizado acontece durante a história. Simeão, o monge, não é uma pessoa que simplesmente fala o que deve ser ensinado e espera que as pessoas apreendam os conceitos expostos. Ele ensina pelo exemplo. John Daily, o protagonista começa a compreender as lições por meio da postura do monge e não apenas pelo que ele diz.

Isso é essencial. Às vezes, todos nós, caímos na doce tentação do velho “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Essa é uma postura hipócrita, para dizer o mínimo.

Se você assume a liderança em um ambiente, qualquer um, desde a sua casa, seu trabalho, sua escola ou faculdade, é preciso que você haja da forma que acredita ser a mais adequada. Se não, você não será levado a sério. Paulo Freire, grande pensador e educador, referência não só no Brasil, mas também no mundo, disse certa vez:

É fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática”.

Gosto muito dessa frase, porque ela assume que é difícil agir conforme nossas crenças básicas, que muitas vezes temos pontos cegos e reproduzimos comportamentos que não achamos aceitáveis. O segredo é ter vontade de percebê-los e disposição sincera em mudar.

2. Aprenda a ouvir

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Essa é uma lição que merece atenção especial. E, de certa forma, ela em si é a capacidade de desenvolver a atenção que as pessoas merecem. Você costuma interromper as pessoas? Quando está conversando com alguém você realmente ouve o que ela diz e tenta compreender suas palavras? É muito comum que não.

No momento em que a outra pessoa está falando, é normal que um diálogo interno, na nossa cabeça, fique tagarelando, impedindo-nos de acessar o que o outro tem a dizer. Pensamos no que vamos dizer em seguida, lembramos de algo que vivemos, nos preocupamos com o que temos a fazer depois da conversa…

Muitas vezes, esse diálogo é tão intenso que interrompemos o que a pessoa está dizendo para expôr nossos pensamentos. Uma bagunça. A pessoa perde a linha de raciocínio e se sente diminuída. Como assim? Quando você interrompe seu interlocutor, mesmo sem querer, acaba passando várias mensagens a ele:

  • Se você a interrompe, é porque não estava prestando muita atenção ao que a pessoa dizia;
  • Se você não está prestando atenção, é porque não valoriza a opinião dessa pessoa;
  • Provavelmente, acredita que o que tem a dizer é muito mais importante do que o que a outra pessoa quer expressar.

Para que o diálogo realmente aconteça, é preciso que, enquanto o outro fala, você faça silêncio (na sua boca, na sua mente e em seu corpo) e preste atenção ao que essa pessoa diz. Evite tomar conclusões precipitadas. Se surgir algum julgamento, espere a pessoa terminar de dizer, pense um pouco e faça uma pergunta de forma gentil.

Muitas vezes temos medo do silêncio. Quando a pessoa acaba de falar, sentimos necessidade de responder rapidamente, como se um momento de silêncio fosse um sinal de fracasso na comunicação. Isso não é verdade.

Cultive o hábito de ouvir, refletir, perguntar. E só depois que você estiver certo que entendeu o que a pessoa quis dizer, responda. Esse hábito certamente fará de você uma pessoa que mais escuta do que fala. Acredite, você não perde nada com isso. Na verdade, aprende muito.

3. Identifique e trabalhe seus paradigmas

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O que é um paradigma? É um padrão psicológico, muito parecido com o conceito de mindset, que está muito em voga hoje em dia. Paradigmas são o mapa com o qual navegamos pela vida. Eles podem ser muito úteis em determinados momentos, assim como podem ser perigosos em outros.

Quando tomamos um paradigma como verdade imutável, inquestionável e absoluta, estamos trilhando um caminho perigoso. Esses paradigmas rígidos podem prejudicar nossa visão de mundo, filtrar informações e distorcer a realidade. Se apegar a um paradigma com unhas e dentes pode nos paralisar, fazendo com que fiquemos para trás enquanto o mundo a nossa volta continua caminhando.

O que o monge ensina é sobre o benefício da dúvida. Aprender a colocar em cheque nossos paradigmas sobre nós e sobre os outros é imprescindível:

Lembre-se que o mundo exterior entra em nossa consciência através dos filtros de nossos paradigmas. E nossos paradigmas nem sempre são corretos” (página 43).

Quando não temos consciência de nossos paradigmas, vemos o mundo como nós somos e não como ele é.

4. Liderar é servir com amor e vontade

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Isso é muito difícil de compreender logo de cara. Como assim, para ser líder, eu preciso me submeter aos outros? O que o amor tem a ver com a liderança no meu trabalho? Calma, vamos por partes.

No livro, os personagens conversam longamente sobre algumas grandes personalidades: Jesus Cristo, Gandhi, Martin Luther King… Vale a pena conhecer mais sobre eles, estudar sobre a história de suas vidas. Esses três foram, sem dúvidas, grandes líderes, cuja influência, de seus pensamentos e atitudes, ainda permanecem na sociedade, mesmo anos após sua morte. Não agiram com violência, evitaram coagir as pessoas, escolheram o caminho da influência.

A sua forma de liderar se dava por meio da servidão. Servir ao outro, entenda, não é se tornar submisso, diminuído ou inferior. Servir aos que estão ao seu redor é garantir que suas necessidades legítimas sejam atendidas. Servir é nutrir e cuidar. Física e psicologicamente. Servir não é inferiorizar-se, mas envolve sacrifícios. Servir é uma via de mão dupla, você colhe o que planta. Quanto mais pessoas dispostas a contribuir dessa forma, servindo aos outros, mais agradável é o ambiente.

E aí que entra o amor. Já falamos aqui no blog sobre a bondade amorosa e também sobre várias formas diferentes de entender o amor. Agora falamos de amor não como um sentimento, nada de água com açúcar. Amor é, aqui, uma ação consistente ao longo do tempo, com o objetivo de atender as necessidades legítimas dos outros e sacrificar-se por isso. O amor é o que o amor faz.

Resumindo:

A liderança começa com a vontade, que é nossa única capacidade como seres humanos para sintonizar nossas intenções com nossas ações e escolher nosso comportamento. É preciso ter vontade para escolhermos amar, isto é, sentir as reais necessidades, e não os desejos, daqueles que lideramos. Para atender a essas necessidades, precisamos nos dispor a servir e até mesmo a nos sacrificar. Quando servimos e nos sacrificamos pelos outros, exercemos autoridade ou influência (…). E quando exercemos autoridade com as pessoas ganhamos o direito de sermos chamados de líderes” (página 70).

O Monge e o Executivo é um livro riquíssimo, com inúmeras reflexões importantes, seja para os negócios, seja para a vida. Esse artigo com certeza não dispensa a leitura da obra completa. Vale muito a pena comprar um exemplar, ler, reler, grifar, anotar… Se você já leu este clássico, compartilhe sua visão! Vamos dialogar?

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