Monja Coen

Monja Coen: 5 ensinamentos para lidar com a depressão

A depressão é uma das doenças do século. Ao contrário do que muita gente pensa, ela não é apenas uma tristeza ocasional. A depressão é a ausência de potência de agir. Quem tem depressão vive um período tão longo de tristeza, que fica apático, nada mais o comove. Os sentimentos ficam amortecidos e apenas o vazio habita o interior da pessoa. Quando conseguimos sentir algo, geralmente é angústia, irritabilidade, sentimento de impotência e, certamente, tristeza.

Já vivi a depressão. Na verdade, é difícil falar da depressão como algo do passado. Quem tem sabe que ela é como uma companhia constante. Basta que baixemos a guarda para que ela avance sobre nós. Se livrar da depressão não é deixá-la para trás, mas aprender a lidar com ela. Devemos saber como funciona e, gentilmente, impedir que nos consuma. E a meditação pode ser um ponto de virada nesse processo.

Monja Coen é budista e já escreveu mais de 14 livros sobre essa filosofia de vida e prática diária. Seu canal no YouTube, o MOVA, faz muito sucesso. E não é à toa. Seus ensinamentos nos auxiliam na longa caminhada da vida e podem nos tornar mais resilientes. Basta estar aberto a eles.

Monja Coen já me ajudou e espero que ajude a você também. Neste artigo, há uma série de ensinamentos dessa mestra espiritual para que você entenda como lidar com a depressão. Espero que este texto lhe seja útil, aliás, pense nele como um primeiro passo. E, claro, fique à vontade para comentar sobre o que achou. Sua opinião é muito importante para mim.

1. Autoconhecimento é o caminho da cura

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Foto da revista Veja São Paulo.

A meditação ajuda a nos conhecer, nos fornece ferramentas para lidar com os momentos de crise. No entanto, a depressão é um problema de saúde que possui tratamento médico. “A meditação é um coadjuvante muito importante, porque se você se autoconhece, vai ter capacidade de superar momentos de dificuldade com mais facilidade”, explica a monja.

Para quem já teve depressão, a prática da meditação pode ser uma forma de saber quais são os sintomas, quais situações desencadeiam crises e como curar as feridas do passado. Ao meditar, você aprende a observar seus pensamentos e não apenas senti-los.

Os pensamentos, quando não são observados, podem nos levar, como uma onda do mar que nos pega desprevenidos. Conhecer seus pensamentos sombrios é uma forma de lidar com a depressão, porque é possível não se render a esses pensamentos e conseguir se libertar, pensar em outras coisas.

Se você ainda não sabe como funciona a prática da meditação, que tal conferir esse artigo? Nele, você vai entender melhor os benefícios da prática de concentração e observação dos seus próprios pensamentos:

2. O sofrimento é opcional

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Quando eu estava no momento mais crítico da depressão e ouvi isso: “o sofrimento é opcional”, confesso que fiquei revoltada. E é possível que você também esteja. Para entender isso eu precisei conhecer a história de Buda.

Buda era rico, tinha tudo. Se ele vivesse hoje em dia, moraria  numa mansão, teria carro blindado e ar condicionado a seu dispôr. Mas, apesar de ter tudo, um dia ele saiu de seu castelo e caminhou pelas ruas entre as pessoas comuns. E ele testemunhou o sofrimento. Buda conheceu as quatro verdades da vida: nós nascemos, adoecemos, envelhecemos e morremos. Nossa existência é finita e repleta de situações dolorosas.

Monja Coen pergunta: será que Buda ficou deprimido? É provável que ele tenha sentido uma grande frustração ao se deparar com uma verdade dolorosa. Diante desse quadro nada agradável, Buda pensou: qual é, então, o sentido da vida? E essa dúvida causou-lhe angústia.

Buda ficou tão angustiado que decidiu abandonar tudo o que tinha. E foi viver isolado numa floresta em busca do sentido da vida. Ele viveu momentos de sofrimento, enfrentou dificuldades, sentiu sua energia esvair-se e o vazio tomou conta de seu ser. Mas, algo diferente aconteceu e ele se aquietou. Como Buda conseguiu se liberar da tempestade de pensamentos e com o quê ele preencheu seu vazio?

Buda chegou à conclusão de que a dor faz parte da vida. É inútil lutar contra isso. Viver sem frustrações não é viver. Sequer é possível. Se a dor é obrigatória, a única coisa que podemos controlar é a forma como lidamos com ela. Assim, ele aprendeu a meditar.

Por isso se diz que o sofrimento é opcional, porque a forma como agimos a partir da dor é o que determina nossa cura.

3. É preciso viver a tristeza

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Nós temos uma relação ruim com a tristeza. Os sentimentos bons, quando aparecem são recebidos com abraço, nos permitimos vivê-los e tiramos o máximo que podemos deles. E a tristeza? Bem, essa é malquista. Basta que aponte na esquina do pensamento para que a gente entre em negação. Essa negação nos impede de viver a tristeza, aproveitar tudo que ela tem a oferecer e, aleluia, deixá-la ir embora.

Como você se relaciona com a tristeza? Você luta com ela, não se conforma e a evita? Bem, neste caso, é preciso aprender que ela é um mal necessário. Os momentos de tristeza também podem oferecer coisas boas. Inclusive, a tristeza é um mal que vem para o bem. Depende de como você lida com ela.

“Você vive a tristeza, é legal, escreve poesia, faz música, canta, chora, chorar é bom, vocês choram?”, pergunta a Monja.

4. Não se contamine com a epidemia do olhar pessimista

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Vamos fazer um teste? Abra uma aba nova no seu navegador e acesse a página de um jornal na internet. Quais são as notícias em destaque? Elas são boas ou ruins? Infelizmente, são, em sua maioria, ruins. Essa forma de ver o mundo, com um filtro pessimista, alarmista e catastrófico nos contamina.

Coisas ruins acontecem o tempo todo, é verdade. Mas coisas boas também! E precisamos olhar para elas e reconhecê-las. Existe uma epidemia de um olhar pessimista. Vemos a corrupção e a violência todos os dias. Mas porque achamos que a cooperação, o carinho e o amor são atos isolados?

Vou aproveitar que estamos falando da existência de coisas boas e indicar para você um artigo sobre o amor, o sentimento que move o mundo e suas várias formas. Vai lá!

Ver o copo meio cheio exige um certo esforço no começo. Quando se torna um hábito é uma fonte de esperança e uma forma de evitar a angústia constante. Experimente!

“O problema existe, ele é real, nós não vamos esconder, não é isso, mas nós não vamos pôr uma flecha em cima da flechada que a vida já nos dá”, ensina a Monja Coen.

5. Viva o desilusionismo

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A cada nova desilusão, apesar de sofrer, você está mais próximo da verdade. É isso que a Monja Coen afirma, citando o professor Hermógenes, um dos pioneiros no ensino o Yoga no Brasil.

E é isso que a tristeza pode nos proporcionar: uma visão mais realista das coisas. Agir positivamente a partir disso é o caminho para uma existência mais plena. É encontrar paz no meio da tormenta. É acalmar a tormenta.

Sentar-se em silêncio para meditar permite que você se conheça. Pode parecer estranho, mas se conhecer, observar a maneira como pensamos, é como aprendemos a lidar com o que acontece ao nosso redor. “Se eu me conheço nada me ofende, nada me surpreende e nada me engana”, diz a Monja. Como isso acontece?

Se você sabe bem quem é, as ofensas não te atingem. Veja, se você está consciente de suas limitações, dos aspectos de sua personalidade que precisam melhorar, se alguém aponta isso, porque se zangar? E se a pessoa te calunia, dizendo que você é algo que não é, também não há motivo para a indignação. O engano é da pessoa e o problema, dela.

Se você se conhece, não vai se espantar com algo novo e dificilmente será enganado. Porque saber quem você é te permite estar atento, desperto. Você fica alerta e relaxado. Pronto para o que der e vier. Esse é o estado de iluminação: sabedoria. O desespero e a tristeza vêm. Uma hora ou outra eles vão aparecer. Só que você não vai sair correndo, nem se entregar a eles, perdido e sem esperança. Você vai abraçar esses sentimentos, vivê-los, sendo quem você é e, depois, deixá-los ir embora. O que fica é o aprendizado.

Para cultivar a sabedoria e lidar com a depressão

Se você gostou desse artigo, saiba que ele é inspirado em um trecho de uma palestra da Monja Coen. E tem muito mais de onde veio isso. Vou deixar aqui o link com a playlist completa. Aproveite!

O Em Beta possui vários artigos sobre desenvolvimento pessoal, dicas de como se tornar alguém melhor na vida e ser mais feliz. Obrigada por sua visita e, se puder, fique mais um pouco. Vamos dialogar? Escreva nos comentários.

Um abraço e até a próxima!

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