Compaixão

Confira 5 verdades sobre a compaixão

A compaixão é um sentimento muito belo. Dá o poder de conectar-se com as outras pessoas. Porém, como todas as palavras muito usadas, acabou se desgastando. Perdeu muito do significado. Pensando nisso, resolvi fazer uma investigação sobre o significado dessa habilidade. E encontrei algumas reflexões importantes.

1. Compaixão é conexão

A compaixão tem a ver com conexão. Para exercitar esse sentimento, é preciso ligar-se a outra pessoa. Em sua origem, esta palavra significa compartilhar o sofrimento do outro. Parece simples, mas é um exercício constante.

Para sentir compaixão, é preciso abandonar preconceitos e julgamentos. Você precisa realmente ser capaz de sentir o que a pessoa sente. Ser benevolente com sua forma de viver a vida. Sem ficar com o pé atrás, sem desconfiar. É um momento breve e mágico.

2. Compaixão exige energia

Você é capaz de realmente sentir o sofrimento das pessoas com as quais você se encontra durante o dia?

Ok, não é possível fazer isso o tempo todo, pois compartilhar o sofrimento é sofrer junto. E se abrir para a dor dos outros o tempo todo é desgastante. Ainda mais na correria do dia a dia. Às vezes, entretanto, temos muita energia guardada em nós e precisamos colocá-la para circular. E isso nos faz bem.

3. A compaixão é como um músculo

Certa vez viajei até São Paulo a trabalho. Passei o dia na metrópole e à noite aproveitei para encontrar com duas amigas. Lembro que durante aquele dia fui abordada diversas vezes por pessoas pedindo dinheiro. Da primeira vez ajudei com o que pude e nas outras não tinha como contribuir.

Foi um exercício e tanto. Contudo, ao final do dia, já estava cansada e, confesso, não dei sequer a atenção que essas pessoas estavam pedindo. Imagino como é para as quem mora naquela cidade e é  interpelada todos os dias várias vezes. Chega uma hora que você precisa bloquear a conexão. Isso é compreensível. Quando esse bloqueio se torna um hábito, aí as coisas ficam difíceis.

A compaixão é um músculo. Usá-la demais causa problemas, ao mesmo tempo que deixá-la de lado pode fazer com que se atrofie.

4. Compaixão é o primeiro passo

Outra origem para a palavra compaixão é compadecer-se pela outra pessoa. É sentir pesar pelo sofrimento desse outro. Limitar-se a sentir pena dos outros é perigoso. Não que faça mal, não se trata disso.

O que acontece é que sentir dó é uma forma de se ver como superior. No momento em que sentimos pena podemos esquecer nossas próprias fragilidades. Ou pior: julgar a outra pessoa como vítima, como alguém incapaz de sair daquela situação.

A compaixão pode ser o primeiro passo para desenvolver outras habilidades importantes, como a empatia, por exemplo. Com a empatia você pode realmente ver o mundo como a outra pessoa e isso é muito mais justo, permite a você sair de seu mundo.

5. Compaixão também é atitude

Conectar-se ao sofrimento do outro de forma verdadeira é agir para ajudá-la. Qual é o sentido de conectar-se, compartilhar a agonia de uma pessoa que está ali na sua frente sem fazer absolutamente nada a respeito? Não quero que ninguém abandone suas próprias metas para servir aos outros, isso não é justo. Mas, será que apenas se compadecer e continuar agindo da mesma forma ajuda em alguma coisa?

Um breve exercício

Esses dias eu fui comprar uma marmitex num restaurante perto de casa. Na entrada do estabelecimento havia um homem e ele me pediu que lhe comprasse algo para comer. Na hora disse para que o dinheiro estava contado. E era verdade, levei a quantidade certa para três marmitas médias. Quando entrei no restaurante, porém, conferi os preços e constatei que se eu comprasse três refeições pequenas, teria dinheiro para mais uma. Voltei lá e disse pra ele: “Fica em paz, consigo comprar um almoço para você”. E foi isso que fiz, apesar dos olhares de incômodos dos outros clientes.

Naquele momento eu poderia usar qualquer desculpa para não agir. Poderia julgar aquele homem e pensar que ele não se esforçou o suficiente, pensar que ele deveria estar trabalhando e todo o tipo de coisa. Poderia, apesar de sentir pena dele, convencer a mim mesma de que não podia comprar uma marmita menor para minha família porque costumamos comer uma média. Poderia até sentir dó dele e fingir que não era minha responsabilidade. Mas escolhi amar ao próximo como a mim mesma, sem julgamentos, e agir conforme a compaixão. E foi muito gratificante entregar o almoço a ele e desejar-lhe bom apetite.

Enquanto esperava as refeições, fiquei dentro do restaurante. Caso eu estivesse interessada em ir além, poderia ter conversado com aquele homem, ouvido sobre seus problemas e oferecido um espaço de desabafo que certamente é raro para ele. Só que não fiz isso, pois estava cansada e precisava pensar em algumas coisas minhas. Escolhi não dar o próximo passo rumo à empatia, e tudo bem. Outras oportunidades sempre surgem.

Não existe uma cartilha ou um check-list da compaixão. Existe você e suas próprias decisões. Escolher se conectar pode ser muito gratificante.

Você já praticou a compaixão nesses últimos dias? Conta pra gente como foi. Vamos compartilhar nossas experiências.

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