O amor é uma palavra forte. Ela é sinônimo de gostar muito de uma pessoa, mas também pode ser usada para coisas banais. A verdade é que essa palavra indica um sentimento profundo e complexo que está na base do que nos faz humanos.
O amor é tão importante para nós que vêm sendo pensado há muito tempo e cada forma de pensar traz uma contribuição muito interessante para entender como funciona o amor. E, consequentemente, como nós funcionamos sob os efeitos dele.
Neste artigo veja 5 ideias sobre o amor propostas por grandes líderes e pensadores de seu tempo. Aprender como esse sentimento grandioso funciona pode ajudar a nos entender e atingir uma versão atualizada de nós mesmo.
O que é o amor?
O amor é uma palavra, um sentimento, algo que é base para nossa ação no mundo. No dicionário Michaelis, a definição de amor possui quinze significados!
O amor pode ser o desejo por algo belo, digno ou grandioso. Mas também pode ser o sentimento de bem querer de uma pessoa para outra, típicos da amizade e das relações familiares. O amor também pode ser a paixão entre dois amantes e até o ato sexual.
Mas, mesmo que a gente fale sobre o amor, existem vários entendimentos mais completos sobre esse sentimento. Vários conceitos de amor fazem parte de nossa vida cotidiana e elas foram elaboradas e pensadas ao longo do tempo.
1. Eros

Eros é o desejo. Seu símbolo é o Cupido, ícone da mitologia grega. Ele foi descrito por Platão e, por isso, também ficou conhecido como amor platônico. Eros é o sentimento que nasce do desejo por algo que não temos. É um tipo de amor que impede a felicidade, pois nasce do sofrimento de quem não tem algo que deseja. É o jeito de amar dos descontentes, daquelas pessoas que nunca se conformam, sabe?
Um exemplo: você quer muito trabalhar com o que gosta de fazer, então, sofre no seu emprego atual por não poder fazer o que ama. No seu íntimo cria uma série de idealizações sobre como seria agradável o trabalho ideal. Até que um dia você o consegue. E aí, diante dos problemas da nova profissão, desanima. Você amava uma ideia platônica, irreal de trabalho e quando percebeu que a realidade não era exatamente como imaginou, tende a não amar mais.
Amor eros versus viver o presente
Esse tipo de amor combina muito com a sociedade em que vivemos. Temos desejos que queremos suprir de forma imediata e, quando o suprimos, perdemos o interesse. Isso pode acontecer com relacionamentos amorosos e em todas as outras esferas da nossa vida.
O desejo platônico pode nos afastar do momento presente. Ele pode nos impelir a querer algo que se perdeu no passado ou idealizar algo num futuro incerto. E isso pode nos fazer sofrer.
Um exemplo interessante do eros é o filme Click. Incentivado pelo desejo egoísta de não sofrer com os contratempos da vida, o protagonista acaba se negando a viver a vida. Vai passando rápido por momentos importantes apenas porque o desejo que sentia era de que alguns inconvenientes passassem rápido.
2. Filia

A filia é o amor pensado por Aristóteles. Esse é o amor pelo que você já tem. Mas, esse tipo de amor floresce quando é mútuo, quando ambos sentem vantagem, prazer e admiração mútua.
A filia pode ser o amor entre parentes, entre amigos e entre amantes. É um sentimento cultivado tanto em relação à sua família quanto a comunidade a qual você pertence, mas nasce e cresce quando é mantido entre pessoas iguais em caráter e inteligência.
É um amor que tem limites, pois quando não dá mais vantagem, prazer e admiração, pode ser rompido por um dos envolvidos.
3. Amor fati

Para a filosofia estoica e para Nietzsche, o amor fati é o amor ao fato. Pode ser entendido como amor pelo destino. Por um lado pode parecer com o a filia, mas existem algumas diferenças.
O amor fati é um amor de aceitação, que não deseja nada além do que já têm. É um amor de plenitude porque se recusa a sofrer por algo idealizado. É a negação do amor platônico. O sofrimento não é algo suportado à duras penas, mas algo aceito e amado pelo que é. Por ser um sentimento de resignação e gratidão pelo que se tem, ele permite viver o agora sem nenhuma outra perturbação.
Parece muito difícil de cultivar o amor fati hoje em dia. Você concorda?
4. Ágape

O amor ágape é o de Jesus Cristo. A tradução ao pé da letra indica que ágape significa compartilhar uma refeição. As interpretações das palavras de Jesus ampliam o significado desse tipo de amor como algo generoso.
Ágape é a concretização dos dois mandamentos de Jesus: “Amar ao próximo como a ti mesmo e amar a Deus sobre todas as coisas”. Esse sentimento é generoso porque não julga e não é egoísta, já que coloca o seu desejo e o desejo do próximo no mesmo nível.
O amor ágape é um amor servil, que vê sentido em compreender o próximo e não fazer a ele o que não gostaríamos que fosse feito a nós. É se alegrar com a alegria do outro.
Esse sentimento pode (e deve) estar presente em todas as relações do nosso dia a dia. Mas, o ágape de Jesus é mais do que isso: é agir com benevolência em relação a todas as pessoas, inclusive as desconhecidas. É necessário elevar seu afeto para que ele não tenha níveis de hierarquia. Amar a um desconhecido que você vê na rua da mesma forma que você ama sua mãe, seu pai, seu filho, você mesmo.
5. Amor zen

O mestre do zen budismo Thich Nhat Hanh, chamado de Thây por seus seguidores, afirma que o amor verdadeiro é o que nos faz agir com amorosidade em relação ao outro. Essa atitude amorosa precisa de compaixão e empatia para fazer sentido. Tem a alegria de uma pessoa que contagia todas as outras como base. E além disso, é um sentimento de inclusão, pois o verdadeiro afeto não exclui ninguém.
Para o budismo zen, amar tem estreito compromisso com a felicidade. Ser feliz é o horizonte para o qual se caminha. E a felicidade está onde o sofrimento não chega.
O equilíbrio
O amor é um sentimento complexo. Por isso, o que somos, no que acreditamos e o mundo no qual vivemos influencia qual será a forma desse sentimento que será mais influente em nós e na sociedade. Quanto mais conscientes somos das várias formas que o afeto pode ter, mais podemos viver esse belo sentimento de forma completa e sábia.
É preciso desejar o que não se tem para sair da zona de conforto e continuar evoluindo. Mas, também é necessário amar o que se tem para desfrutar do que já conquistamos. Ao mesmo tempo, é urgente amar ao próximo como a si mesmo para tornar o mundo um lugar melhor. O amor deve sempre ser bom para todos os que compartilham desse sentimento. Praticar a empatia e ter a felicidade como norte é uma forma de se manter com a mente e o corpo saudáveis.
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